quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Desencontros Naturais

De todos os apelos
o calmo de uma tarde chuvosa
me sorriu.

Com seu sorriso cinza
de tempestade
fim dos tempos.

Luzes piscaram nas ruas
tentando me confortar
sobre a sua ida (que gentil).
As luzes formavam borrões,
refletiam na maça do meu rosto
na lágrima que escorria.

Fechava os olhos pra sentir teu cheiro.

Loucura maior é saber o que podemos
se estivermos juntos
e o que sentimos
como isso tudo é maior que todos.

Peito aberto
teu mar entra
destrói
ressaca que dói.
Não quero mais ser graduado
nesse sofrimento amargo.

Então onde reencontro tuas ilhas que se movem em silêncio?

Todos os e-mails que recebi:
Não é você! @naotemseunome.com
Todos os alertas, o celular vibrando, o (3) no cantinho da tela
Não é você, não é você, não é você.

Leio as cartas
jogo moedas
me sinto perdida

tento achar um guia
para andar de mãos dadas
(ninguém)

não vejo nada.

Paro de escrever pra ver quem chama
e não é você.

Cansei dos vícios
dos que não são você.
Mas o que quer de mim
é muito maior do que tudo que posso.

Fecho os olhos
porque a luz... a luz...
cega demais
cega demais meus corpos.

Escrevo pra entender
ou pra dar sentido à dor

E falando na iluminação que me cega
penso em como ela é importante
para que escapemos da atual situação:

Luz VERSUS escuridão.
Amor VERSUS traição.

Desencontros Naturais.

domingo, 5 de abril de 2015

No meu caderno há marca
De vida, de sangue, de luta, de vinho
Queimo as páginas
Com meus cigarros sem fim
Queimo meus olhos pra cegar
pra parar de ver toda essa sujeira entrar
No meu caderno, agora
Há o suor que caiu com a lágrima
Depois de mais um dia de nada.

Nessa inércia eterna te encontro e te perco
Neste quarto vazio e sem graça te beijo.

Minha escrita é transversal e incorreta
Mas não me corrija.
Além da afirmação de qualquer tragédia
Está uma breve vida.
É no desconhecido, nas linhas em branco desse caderno
Que se faz a escrita do eterno
Sem temer a dor, sem fugir da morte
Se chorar e se sofrer, se sangrar se doer
Quem pode descrever os desconhecidos dos cadernos dessas almas?

Deixar ser!


O ar denso.   O tempo lento.   O apartamento.   Aperto.   Nunca perto.   Sempre perco.   Continuo. Parada.   Sentada.   Com a boca cheia de coisas não ditas.   Com o peito cheio de amores impossíveis.   Com os olhos cheios de lágrimas que não caem.   Que não saem.   Mais um dia. 





















São as horas perdidas
Que voltam sem dizer
Confundem presente e memórias
Dores
Que não sabemos se estão aqui
Ou se são resquícios
Ou sintomas.
Hematomas.
A pancada foi forte
A queda não tem fim
Assim como o tempo
Outro dia começa
Ou o mesmo dia
Na mesma vida
Que dia é hoje, afinal?
Que horas são?
Abro novas guias
Vejo novas notícias velhas
Tudo acontece de novo
Tudo acontece do mesmo
Horas, dias, meses, anos
E a lembrança de tudo que passamos.
     Se teu coração falasse, amor
     A voz dele chegaria até aqui?

     Ultrapassaria a grande distancia da saudade?

     Mas talvez a saudade não seja exatamente distancia
     E sim proximidade sem presença.

     Ou uma ausência presente, ou presença ausente.

     Talvez seja instante
     E passa –e fica-
     Pacifica.
     E em meio a guerra
     Que é lembrar
     Você então volta
     Mas vê se fica, amor.

     Dessa vez, só fica! 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
















O silêncio, o barulho, me sufocam
Vaza o peso, abre o peito
lágrimas espalhadas confundem as águas
Os dedos tocam a pele fria
Um segundo passa longo
não me afogo
não me afobo
sem medo sem mágoa
só o peso
mais leve
imerso em água
a superfície longe
a minha vida
onde
Tudo tem gosto de paz
morrer não dói mais
Como estar no céu
me deito em braços teus, Iemanjá
me deito pra não voltar
sou tua oferenda hoje, aceite-me


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015


Se você quiser morar aqui
Abro a porta com calma, espero você se ajeitar
Pode trazer as suas coisas, coloque em qualquer lugar
A gente se acomoda...

Não é muito grande aqui, é bem humilde
Mas é confortável e limpo.
A gente junta tudo o que tiver
Faz nosso lar e fica livre

Entrada e saída

Ninguém esta preso, volta sempre que quiser.

Sabe, meu bem
É bom caminhar ao lado de alguém
Dormir pode ser um ato muito solitário
Morar na casa de nada e ninguém
Onde ninguém chega, nunca
Por isso, se quiser morar aqui
Dentro de algum desses lugares
Que a gente guarda no corpo, na história
Pode armar barraca, pode deitar no colchão
No chão, no céu, no meu peito
E eu repito

Pode ficar aqui dentro.